tag:blogger.com,1999:blog-375678292024-03-07T05:17:35.193-03:00brisapoeticaEnquanto os passarinhos cantam, incerta brisa traz pensamentos, carícias vagas sob a forma de escritos.Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.comBlogger146125tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-86052943249776177772020-08-13T20:58:00.000-03:002020-08-13T20:58:47.155-03:00Abraço<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlZxKcoa6A0Rilp_z6-eDUKtdlGqvuaGlESQjOr7ANUSuABznHTFH-VI9FN2eo8XKli9a6t6gsnXda4n8H_bRIxrJ16DQibE6TTz3anF_UNeOJfMySD1HouBLhsrBgl7yUs2k9/s4032/20200727_103632.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlZxKcoa6A0Rilp_z6-eDUKtdlGqvuaGlESQjOr7ANUSuABznHTFH-VI9FN2eo8XKli9a6t6gsnXda4n8H_bRIxrJ16DQibE6TTz3anF_UNeOJfMySD1HouBLhsrBgl7yUs2k9/s640/20200727_103632.jpg" /></a></div> <p></p>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-64146095476256201212010-11-03T17:45:00.000-03:002010-11-07T17:52:11.885-03:002a Parte da Resenha Terra Sonâmbula<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimLhYgC-ews0weL3i0EL0lmSt6HXHjVj9vfUPuTQ-V6je9xrMicHN7QSoTtomY5HmCIbatS7EPk2NSmgLt5maGICTBF89pJ5ajjA-L_gg5CJwk-ntKs6221gTUpO0773LiI1O1/s1600/DSC03502.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5536912670313463298" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimLhYgC-ews0weL3i0EL0lmSt6HXHjVj9vfUPuTQ-V6je9xrMicHN7QSoTtomY5HmCIbatS7EPk2NSmgLt5maGICTBF89pJ5ajjA-L_gg5CJwk-ntKs6221gTUpO0773LiI1O1/s320/DSC03502.JPG" border="0" /></a><br /><div>cont...</div><br /><div></div><br /><div>Pela linguagem, somos apresentados a novas palavras, a substantivos que se transformaram em verbos — verbizaram-se, por assim dizer — “Também, dentro de nós, o mosquito pantaneja, podrecendo nossas águas”; “ Havia, entre sua manada, um muito triste boizarrão. De manhã até de noite o bicho boiava em rasteira solidão”; “ mas Junhito ainda lutava para se desbichar”; “ ele pensamenta, fiando conversa”.<br />No curso da leitura a paisagem vai mudando e Mia Couto escreve causando a tensão necessária para mover o leitor no prosseguimento da leitura, indo em busca de um suspense que, quem sabe, se resolva nas próximas páginas. O fantástico acontece ao longo de toda a narrativa. É assim que surge uma terra sonâmbula, que torna os personagens parentes do futuro:<br />“À volta do machimbombo Muidinga quase já não reconhece nada. A paisagem prossegue suas infatigáveis mudanças. Será que a terra, ela sozinha, deambula em errâncias? De uma coisa Muidinga está certo: não é o autocarro que se desloca. Outra certeza ele tem: nem sempre a estrada se movimenta. Apenas de cada vez que ele lê os cadernos de Kindzu. No dia seguinte à leitura, seus olhos desembocam em outras visões”. (p.109)<br /><br />Por intermédio das leituras de Muidinga, percebe-se o desenrolar de uma guerra e cada vez que os dois, velho e miúdo, encontram uma nova situação, ela está envolvida com a guerra:<br />“Por que motivo ele não recebia bem os visitantes como ordenavam as velhas leis hospitaleiras? De facto, responde o velho, não é assim a maneira da nossa raça. Antigamente, quem chegava era em bondade de intenção. Agora quem vem traz a morte na ponta dos dedos”. (P.73)<br /><br /><br />Outros personagens, não de menor importância, mas de uma maneira diferente, contribuem para a manutenção do clima de expectativa do romance: é o caso do amor encontrado num barco abandonado e à deriva, por meio de Farida, gêmea amaldiçoada, banida e separada da sua igual: Carolinda. Romão Pinto, português que voltou da morte, “depois de mais de uma década de definitiva ausência”, tinha sido casado com Dona Virgínia — “branca de nacionalidade, não de raça. O português é sua língua materna e o makwa, sua maternal linguagem — aquela que amealha fantasias, cada vez mais se infanciando”. E o indiano pacifista, amigo de Kindzu quando menino. Surendra Vala é o seu nome. Tal personagem pode ser visto como uma espécie de consciência crítica de Mia Couto, pois incorpora aquele que percebe a desordem que impera em Moçambique, cria um novo sentido de identidade e amplia, em Kindzu, o conceito de pátria. “Era o indiano que me punha o pé na estrada, me avisando da demora” diz Kindzu. Em contraponto à segregação racial existente em África, Mia Couto apresenta um Surendra sábio, que se diz da mesma raça “Vês, Kindzu? Do outro lado fica a minha terra. E ele me passava um pensamento: nós, os da costa, éramos habitantes não de um continente mas de um oceano. Eu e Surendra partilhávamos a mesma pátria: o Índico... Somos da igual raça, Kindzu : somos índicos!”.<br />Mia Couto permite-nos entrever que em sua literatura cultiva o sonho. Será ele um poeta que sonha prosas ou um prosador que sonha poesias? O onírico acontece como se fosse realidade. Nos sonhos aparecem a dor, a guerra, o amor e a esperança “— o que andas a fazer com um caderno, escreves o quê? — Nem sei, pai. Escrevo conforme vou sonhando. — e alguém vai ler isso? — talvez. — é bom ensinar alguém a sonhar.” Como num devaneio, o ambiente ideal é localizado “Farida queria sair de África, eu queria encontrar um outro continente dentro de África”.<br />Ainda em sonhos, aparece uma outra consciência que critica as guerrilhas internas, o que o povo fez contra o próprio povo: é o feiticeiro que discursa no último capítulo do livro: “Não mais procureis vossos familiares que saíram para outras terras em busca de paz. Mesmo que os reencontreis eles não vos reconhecerão. Porque esta guerra não foi feita para vos tirar do país mas para tirar o país de dentro de vós”.<br />Acontece também uma espécie de exorcização das lembranças de guerra:<br />“Não quero lembrar nada, nem Farida, nem Carolinda, nem Quintino, nem ninguém. O que queria mesmo era ir mar adentro, como Assma, empurrado num barquinho, sem destino. Ou fazer como minha mãe me ensinou: ser a mais delicada sombra. É isso que desejo: me apagar, perder voz, desexistir. Ainda bem, que escrevi, passo por passo, esta minha viagem. Assim escritas estas lembranças ficam presas no papel, bem longe de mim.” (p.214)<br /><br />Em última análise, Terra Sonâmbula é uma narrativa emocionante que apresenta elementos de muitas mitologias tribais e de lendas, contribuindo para a formação de uma identidade nacional moçambicana, mostrando ao mundo a riqueza cultural de uma África que não conhecemos, por intermédio da escrita de um autor comprometido com seu povo, sua cultura e sua terra. A mesma terra africana em cujos grãos de areia os escritos do personagem Kindzu vão se transformando em páginas de terra.<br /></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-56519465139446406862010-08-06T19:40:00.002-03:002010-08-06T19:45:45.389-03:00Casa<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEika09AtDgyTEhXNVJcqXWt82wur0vZUbSTxJ7JpPQ4z5_wLCqy8fLjmsvlXa4G7ijIMy54w5BbgcJF2FazZrT3GvsRKF-fRUhrwgl7jF1eZ-Be96vwHRB58hyphenhyphentSbMOpI8HmVJS/s1600/DSC00132.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5502431405584634146" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEika09AtDgyTEhXNVJcqXWt82wur0vZUbSTxJ7JpPQ4z5_wLCqy8fLjmsvlXa4G7ijIMy54w5BbgcJF2FazZrT3GvsRKF-fRUhrwgl7jF1eZ-Be96vwHRB58hyphenhyphentSbMOpI8HmVJS/s320/DSC00132.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto:Sílvia Câmara<br /></span><br /><br /><div align="justify">Uma casa é uma casa:<br />mesmo rachada,<br />ainda que pendurada.<br />Casa é sempre casa.<br />Sossego!</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Sílvia Câmara</div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-51400606638291508342010-03-26T15:34:00.003-03:002010-03-26T15:46:57.994-03:00Fragmentos de retornos e cotidianos<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinNZ5-5YXIJCYHqhJ0do4bMyfUyPiAOgO4ZPywVaUkTWQKaPIIIILu88NYyhiql4oBg3jt8iC8mhc06vReBUEUY3qZODGNakyqFWkvB3ePFJRtvtYnwtpQkkGsZxgw4Crl0xxA/s1600/DSC00136.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5453015429294329762" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinNZ5-5YXIJCYHqhJ0do4bMyfUyPiAOgO4ZPywVaUkTWQKaPIIIILu88NYyhiql4oBg3jt8iC8mhc06vReBUEUY3qZODGNakyqFWkvB3ePFJRtvtYnwtpQkkGsZxgw4Crl0xxA/s320/DSC00136.JPG" border="0" /></a><span style="font-size:78%;">Foto: Silvia Câmara </span></div><p><span style="font-size:78%;"></span> </p><p>E a menina faz um percurso fantástico naquele entrelugar, </p><p>entre o despertar e o sono. </p><br /><br />Escorre,<br /><br /><br />vagarosamente,<br /><br /><br />uma neblina povoada de sonhos,<br /><br /><br />pedaços de vidas, fios condutores de memória<br /><br /><br />— Aquela, a guardiã das lembranças —,<br /><br /><br />as imagens aparecem na mente, às vezes, longe, perto, longe.<br />Um assovio, talvez um pio, denuncia a hora do levantar,<br /><br /><br />prenuncio de alvorada.<br /><br /><br />Véspera de sol-nascer.<br />De volta à realidade.<br /><br />Silvia CâmaraSílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-20824533955799063672009-11-21T23:57:00.002-03:002010-01-08T19:24:36.198-03:00EVANGELHO SEGUNDO AS MÃES<div align="left"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZxhJL6PQDAFMgQC-Gp29-0p8GMbrYd-UiquCGzX974nG0F7e-C0YfRCct3GEeKoNrgYTMimwKabsgstAIWC2j-Hk5SyaZMYoimrcCm2i3MlE5KNySzrMKYjmh7zyILgKlQ6f7/s1600-h/DSC00742.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5424497181625209842" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZxhJL6PQDAFMgQC-Gp29-0p8GMbrYd-UiquCGzX974nG0F7e-C0YfRCct3GEeKoNrgYTMimwKabsgstAIWC2j-Hk5SyaZMYoimrcCm2i3MlE5KNySzrMKYjmh7zyILgKlQ6f7/s320/DSC00742.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto- Silvia Câmara</span><br /><div align="left">god god god </div><br />um dia disse à minha mãe<br />que deus em inglês<br />parecia com o cão:<br /><br />dog dog dog<br /><br /><br />ela me ameaçou com apocalipses<br />e não se falou mais nisso.<br /><br />(Um poema de Samuca Santos )<br /></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-45423536588301734652009-10-19T10:19:00.003-03:002009-10-19T10:30:28.313-03:00A aguada constelação em torno de um poema<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwBBnW6x7xnp5h8E2ED69EFhLfeQHWw3g0FqprPwspTwEdNHMMR5ek9gnv53FySVAmQvLm_te1uj9IeMMbgmTawzw4md9r-tBTLXNxXXLHqxn1bxnNirjekcCNREJ9zNtAoJ-F/s1600-h/DSC00435.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5394302343866429138" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwBBnW6x7xnp5h8E2ED69EFhLfeQHWw3g0FqprPwspTwEdNHMMR5ek9gnv53FySVAmQvLm_te1uj9IeMMbgmTawzw4md9r-tBTLXNxXXLHqxn1bxnNirjekcCNREJ9zNtAoJ-F/s320/DSC00435.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto: Sílvia Câmara<br /></span><div align="left"><br /><br />Copiei parte do título em algum lugar.<br />Apenas por achá-lo lindo;<br />Como pode uma constelação ser aguada?<br /><br />Pode, claro!<br />De quem são os olhos que a veem?<br /><br />Ouvi um poema e fui olhar o céu.<br />Os dois — poema e firmamento—<br />Absolutamente lindos.<br /><br />Copioso olhar lançou-se então.<br />E foi assim que se estabeleceram a relação e o nome.<br /><br />Sílvia Câmara<br /></div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-40472374174601586252009-09-20T20:44:00.003-03:002009-10-05T10:31:42.353-03:00Da cor da folha caída<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo4q_DZMU24GoKnW1OZ6CYwNDoxwanJTx5bwCxFTanT5tjelnSLtSjQ3XOc1fgai7BNq4XA8uB-3Ctat32dF63Osf98uwKZ2Dunu1xMXLUw_nzxuFd6m4kVyrZu80Yyz3qKAeN/s1600-h/folha+caindo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5389107636981099810" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 130px; CURSOR: hand; HEIGHT: 98px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo4q_DZMU24GoKnW1OZ6CYwNDoxwanJTx5bwCxFTanT5tjelnSLtSjQ3XOc1fgai7BNq4XA8uB-3Ctat32dF63Osf98uwKZ2Dunu1xMXLUw_nzxuFd6m4kVyrZu80Yyz3qKAeN/s320/folha+caindo.jpg" border="0" /></a><br />Foi nesse instante,<br />Quando a folha despediu-se do galho<br />Último olhar de um a outro<br />E um adeus da cor do outono.<br />Descobri naquele ato<br />A mesma cor dos olhos amados.<br /><br />Silvia CâmaraSílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-84173316991661349402009-07-11T10:28:00.003-03:002009-07-11T10:34:14.475-03:00Sagração e perdição<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFpyFUu68KpGu2C0i-8dYRz-xz8yfm-Y7FkOVxW6J4sEISR_ENWPn7LbCoAeL0a9t7Awuxe9gs8me1M1vVGqeED5LiOxEYebHfLVUUzWPJksPCxBeLNZ7Satl-69d_q_7pZd93/s1600-h/DSC00977.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357194840164476834" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFpyFUu68KpGu2C0i-8dYRz-xz8yfm-Y7FkOVxW6J4sEISR_ENWPn7LbCoAeL0a9t7Awuxe9gs8me1M1vVGqeED5LiOxEYebHfLVUUzWPJksPCxBeLNZ7Satl-69d_q_7pZd93/s320/DSC00977.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto- Silvia Câmara</span><br /><div align="left"><br />Lá o céu era muito azul<br />E eu pensava ser moura.<br />O vento soprava e eu ouvia<br /><br />Passou...passou...<br /><br />Meu príncipe não era mais andante<br />Pois, se sagrou-se cavaleiro,<br />Tinha agora que correr mundo.<br /><br />Quem dera aquele alazão<br />Tivesse as asas de Pégaso<br />E pousasse na minha janela.<br /><br />Sílvia Câmara </div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-36215451356377391772009-06-27T17:02:00.003-03:002010-03-08T16:25:15.189-03:00Da cor da terra<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxC2YQKe5GqMddSV0c2R-D1h0H2Vify9-h2MVzRh8CjSjaHoulnR9Xxn9v5K_d22ioUQewhmqWYtG9qjrlXL5ixky-gFm29LipYj9jBfO8zOLz1D24Pz3xZc4fmzvpiQHpx8jR/s1600-h/DSC00449.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5446345965035496082" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxC2YQKe5GqMddSV0c2R-D1h0H2Vify9-h2MVzRh8CjSjaHoulnR9Xxn9v5K_d22ioUQewhmqWYtG9qjrlXL5ixky-gFm29LipYj9jBfO8zOLz1D24Pz3xZc4fmzvpiQHpx8jR/s320/DSC00449.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto- Silvia Câmara<br /></span><div align="left"><br /><br />A menina abriu o ferrolho<br />Escancarou a porta e<br />ganhou o mundo.<br />E girando, girando<br />O tempo passou.<br />A menina cresceu<br />Mas não se esqueceu da terra<br />Aquela que deu cor aos seus pés.<br />Uma cor tão cor<br />Que vazou pela menina dos olhos<br />E fez-se.<br /><br />Silvia Câmara<br />( por conta de umas trocas de e-mail com amigas PI) </div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-4001430000488121472009-05-30T18:15:00.002-03:002009-05-30T18:24:59.593-03:00Coração viajante<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-tWMigQCUMs8SDZSmEWoQspthL1OobJmyAZdMDplygY-4mIlplN0p3b1hgRj1alpRNlYnqgI2p6sLRc00dtL1UEvqZxBRKdAGeANv3CWsoHOGhuXG40fME8i4VO6tsy1knWq4/s1600-h/DSC00205.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5341730797988050898" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-tWMigQCUMs8SDZSmEWoQspthL1OobJmyAZdMDplygY-4mIlplN0p3b1hgRj1alpRNlYnqgI2p6sLRc00dtL1UEvqZxBRKdAGeANv3CWsoHOGhuXG40fME8i4VO6tsy1knWq4/s320/DSC00205.JPG" border="0" /></a><span style="font-size:78%;"> Foto: Silvia Câmara</span><br /><div align="justify"><br /><br />Viajei mundo afora<br />Mas em todos os lugares<br />Só via meu coração.<br /><br />É que o coração também voa<br />E carrega nossos afetos<br />Por onde passa e sente.<br /><br />Será que o coração é a gente<br />Ou a gente é que é coração?<br /><br />Sílvia Câmara</div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-13612014172628139242009-03-27T08:28:00.005-03:002009-03-28T18:24:03.212-03:00Escrito pelo vento<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAEfOlQ-FNFgX6Mq-OzBSP3gM6cQJbVjBFpVuljc-m1ngS51dLrPWTjmAFimQP2zRCi05evQyJzroI55JH0SZux66nu4YmLTv1zjtZTiwUpOF5hHRHuVtk6DPqaUCJkCjDFKKx/s1600-h/DSC00367.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5318352195276533042" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAEfOlQ-FNFgX6Mq-OzBSP3gM6cQJbVjBFpVuljc-m1ngS51dLrPWTjmAFimQP2zRCi05evQyJzroI55JH0SZux66nu4YmLTv1zjtZTiwUpOF5hHRHuVtk6DPqaUCJkCjDFKKx/s320/DSC00367.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto- Silvia Câmara<br /></span><blockquote></blockquote><div align="justify">Aquilo tudo foi escrito com o aval do vento. Depois de contada a história, a assinatura firmada foi a dele. Alguns disseram ouvir um crocitar. Da parte, dela apenas escutou um cicio. Cada qual ouve o que mais lhe aprouver. Melhor para ela então. </div><br /><div align="justify"><br />Violeta marcou encontro na curva do eucalipto grande. Eles se haviam encontrado, corrigindo: eles se haviam olhado duas vezes antes — quando o condutor da carroça parou para perguntar pelo pastor e no dia em que o rio encheu, inundando a vizinhança de Violeta. Como dizia a avó: é o apocalipse. Esse barulho imenso só pode ser o juízo final. Umas fagulhas sombrias caindo do céu e uma tromba d’água desembestada vindo serra abaixo. </div><br /><div align="justify"><br />A prima que criava borboletas conseguiu partir para as terras mais altas. Lá, dizia ela, tem uma árvore onde posso colocar minhas crias para dormir e, se for preciso, elas entram na casca, sugam o sumo e ficam adormecidas como ursos hibernando. Quando terminar o dilúvio elas saem e voltam a voar como no primeiro dia de primavera. Daí então eu posso trazê-las outra vez para casa. O que acontece quando preciso usar tal expediente é que elas não querem dormir na primeira noite. Ficam borboleteando em volta da minha cabeça como se pedissem mais sumo. Faço de contas que não estou escutando, até que lá pelas três horas da manhã elas se aquietam, mas não por muito tempo. Às seis elas já estão prontas para começar o bailado matinal. </div><br /><div align="justify"><br />A tia que tratava dos umbigos dos recém-nascidos avisou que não iria sair da casa. Precisava ficar alguém para tomar conta da horta de umbigos. E a horta já estava tão grande que mais parecia um pomar. É que a cada umbigo que ela enterrava, plantava uma muda diferente. Até que a diversidade de plantas da cidade acabou, então a tia começou a repetir. Percebeu-se que, dependendo de como era a saúde da criança, a planta nascia mais ou menos viçosa. Bem, isso era o que dizia ela. Havia uma suspeita de que ela trocava as mudas de lugar, pela madrugada. A prima borboleteira foi quem confidenciou que uma noite em que as borboletas faziam serão, ela ouviu barulho de terra cavada e viu a tia colocando uma muda no lugar em que havia outra antes. Só não sabemos é se o fato se confirmou. </div><br /><div align="justify"><br />Quando o relógio da igreja bateu a primeira hora da tarde, Violeta desvestiu o avental e avisou que iria observar o ninho de uns periquitos roxos que arribaram não se sabe de onde e fizeram morada na cidade. Só que ninguém sabia onde ficava. Somente Violeta dizia desses periquitos. A família acostumada a ver tantas esquisitices, achou a coisa mais natural. </div><br /><div align="justify"><br />Só que Violeta correu para a curva do eucalipto grande. Não se sabe o que deu nela para marcar encontro com aquele moço estranho. Não se sabe nem se ele iria comparecer. Mas na cabeça dela estava tudo acertado: dois dedos de prosa e um anel de noivado, antes que o mundo se derretesse em água. Ela chegou mais cedo e ficou olhando com aquele olhar de prata liquida, nenhuma ansiedade, apenas certeza. </div><br /><div align="justify"><br />Primeiro veio uma brisinha ligeira, a água já se despejando. O barulho que ela ouviu nem chegou a ser barulho, era apenas um farfalhar. Um soprar de nuvens, bafejo de anjo. Bom ou mal? O futuro foi quem mostrou. A moça sentou-se sob o eucalipto, arrancando as casquinhas do tronco secular. À proporção que ela mastigava, uma cor amarelecida toldava-lhe o semblante, mas ela, desapercebida, continuava a labuta e a espera. Estou pronta! Se pudesse ter escolhido, talvez tivesse nascido água. Porque para a água é mais fácil dizer eu te amo, ela passa por todos os lugares, penetra nos mais íntimos segredos. Descobre todos os mundos, a despeito de qual seja o gênero. </div><br /><div align="justify"><br />E também se fosse água, sua dedicação talvez residisse em esmiuçar os segredos do silêncio, da morte e da vida. Quiçá desconstruindo as fronteiras que teimam em resistir aos sentimentos. Havia entrado num espaço sem retorno. Igual a acreditar em Deus. Sim, porquanto a nossa impossibilidade de definir quem ou que é Deus, repercute muitas vezes nas nossas crenças. Se ele me escuta e nascem flores, vejo-as junto de mim, ao alcance do coração. Violeta continuava a espera e a água já começava a delinear o caminho do céu a terra. </div><br /><div align="justify"><br />Foi tudo muito rápido. Passaram os periquitos, as borboletas, os umbigos germinando, as cascas descomidas do eucalipto e aquele olhar: intenso, líquido, quase escuro de tão profundo. Nem deu para ouvir a chegada. Também não se sabe se ela dormia ou sonhava de olhos de abertos. O único que sabemos foi isso que o vento contou. </div><br /><div align="justify"><br />Sílvia Câmara </div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-25572103294753169362009-03-24T08:59:00.004-03:002009-03-24T09:14:58.043-03:00Dicotomia<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzMGJc9sO0tHYaB1ZyVFUun69zXu61KhFmZ3-cEcTSJSgmhhVadXj70GinPHzcVeSo_oJSQuAF1zXR6QoIWbfUXCSusXuuSnZR0rl2dJZU0MY8mm6Fy0QnsgRwjftCTcZM8oK-/s1600-h/DSC00119.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5316725447581121554" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzMGJc9sO0tHYaB1ZyVFUun69zXu61KhFmZ3-cEcTSJSgmhhVadXj70GinPHzcVeSo_oJSQuAF1zXR6QoIWbfUXCSusXuuSnZR0rl2dJZU0MY8mm6Fy0QnsgRwjftCTcZM8oK-/s320/DSC00119.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto: Silvia Câmara</span><br /><div align="justify"><br />A ambivalência do querer<br />É não poder deixar o dentro<br />nem conseguir esquecer o fora.<br />Desejo conferir sentido ao passado<br />Mas um atemporal tempo não permite.<br />Busco a inteireza<br />Para além de tudo que me fragmenta.<br />Nesse compasso estranho<br />Emerge uma imagem<br />- Diretamente da alma - </div><div align="justify">Da Alma?<br />O saber-me no mundo:<br />Presentificação de mim<br />Ou espectro?<br /><br />Silvia Câmara </div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-52344884335319639952009-02-11T14:49:00.003-03:002009-02-11T14:57:47.667-03:00Reflexão<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8d07kGzpkegC2ZtEg__MbXR-PY-pZP-K2qCx4-uU0NJK0MvXDwbiUFqXUYJjQv1TLeXZNqClxsCOfa53DzUeV9-DEWbnLmyKPu5i16ILzF2GLgFo3VjKGJN2zS-PzRmTMD6O4/s1600-h/DSC00701.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5301599995370517474" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8d07kGzpkegC2ZtEg__MbXR-PY-pZP-K2qCx4-uU0NJK0MvXDwbiUFqXUYJjQv1TLeXZNqClxsCOfa53DzUeV9-DEWbnLmyKPu5i16ILzF2GLgFo3VjKGJN2zS-PzRmTMD6O4/s320/DSC00701.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto - Silvia Câmara</span><br /><div align="left"><br />Só porque eu pedi a Deus<br />Um par de asas,<br />Ele me fez refletir<br />Para quê?<br />Se tens toda a liberdade do mundo<br />Bem aí:<br />Dentro da tua cabeça.<br /><br />Sílvia Câmara</div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-3527153402130427042009-02-10T13:37:00.005-03:002009-02-10T14:00:03.234-03:00Os anjos continuam...e tudo o que é belo também...<div align="center"><em></em><br /><em>Em homenagem aos 100 anos de D.Hélder Câmara, cidadão mais pernambucano do que cearense. (1909 Fortaleza/ - 1999 Recife)</em><br /><em></em><br /><em></em><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7J8ibOFbyGSdel_0mJYUPW7ZwB3n7o5HahoHSL62yCWWbwFmkwLjsG73vTbuSa-_YGLcfPyNvcN4CWz_XwLHZslWXRHmm2hwP4cwmnVUvsIlyB8hDQaVCX24E4UEp6bPzLeYJ/s1600-h/DSC00676.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5301213717107302530" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7J8ibOFbyGSdel_0mJYUPW7ZwB3n7o5HahoHSL62yCWWbwFmkwLjsG73vTbuSa-_YGLcfPyNvcN4CWz_XwLHZslWXRHmm2hwP4cwmnVUvsIlyB8hDQaVCX24E4UEp6bPzLeYJ/s320/DSC00676.JPG" border="0" /></a><span style="font-size:78%;"> foto Silvia Câmara - MG 2009</span></div><span style="font-size:78%;"><div align="center"><br /></div></span><div align="center"><em></em></div><div align="center"><br /></div><div align="center"></div><div align="center"></div><div align="center"><br /></div><div align="left">O Juízo</div><div align="left"><br /></div><div align="left"></div><div align="left"><br /></div><div align="left">Quando no dia da ira </div><div align="left"><br /></div><div align="left">os anjos reunirem os artistas</div><div align="left"><br /></div><div align="left">- tão fascinados de orgulho</div><div align="left"><br /></div><div align="left">pela participação direta no poder Criador – </div><div align="left"><br /></div><div align="left">vai ser difícil ao Filho</div><div align="left"><br /></div><div align="left">austeridade de juiz</div><div align="left"><br /></div><div align="left">tão nítida é </div><div align="left"><br /></div><div align="left">- sobretudo nos poetas - </div><div align="left"><br /></div><div align="left">a sombra do Pai.</div><div align="left"><br /></div><div align="left"></div><div align="left"><br /></div><div align="left">Dom Hélder Câmara</div><div align="left"><br /></div><div align="left"><br /></div><div align="left">( O deserto é fértil, 1981)</div><div align="center"><br /></div><div align="center"></div><div align="center"><br /></div><div align="center"></div><div align="center"><br /></div><div align="center"><em>“Tem pena, Senhor</em></div><div align="center"><br /></div><div align="center"><em>tem carinho especial </em></div><div align="center"><br /></div><div align="center"><em>com as pessoas muito lógicas, </em></div><div align="center"><br /></div><div align="center"><em>muito práticas, muito realistas, </em></div><div align="center"><br /></div><div align="center"><em>que se irritam com quem crê</em></div><div align="center"><br /></div><div align="center"><em>no cavalinho azul.”</em></div><div align="center"><br /></div><div align="center"></div><div align="center"><br /></div><div align="center">Dom Hélder Câmara</div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-48923910648216913802009-02-04T10:09:00.005-03:002009-02-04T10:55:26.560-03:00Sobre anjos e maratonas<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqlbL8d4zxtuDerPzqWr_iuzy1nnTiMoABcBT9mwwb40l51mQTT-dU4YwUf_u4_1bWwoOnERo72Q-ZMGWxx4T7F8H39BUc0o68o6HHvoTMWdGLBOIaib_MnmuMI5KRFZvpeo2L/s1600-h/DSC00632.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5298936446582221506" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqlbL8d4zxtuDerPzqWr_iuzy1nnTiMoABcBT9mwwb40l51mQTT-dU4YwUf_u4_1bWwoOnERo72Q-ZMGWxx4T7F8H39BUc0o68o6HHvoTMWdGLBOIaib_MnmuMI5KRFZvpeo2L/s320/DSC00632.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">foto Sílvia Câmara</span><br /><div align="justify"><br />Quando houve necessidade<br />Um silfo veio ter comigo </div><div align="justify">E eu andava pelos campos afora </div><div align="justify">Quando vi aquela luz violácea, </div><div align="justify">Arrebanhando as nuvens. </div><div align="justify">Percebi o sopro benfazejo: </div><div align="justify">Caminhando nas asas do vento</div><div align="justify">Inspiração e força.<br />!Adelante!<br />!Ultreya!<br />Prosseguimos! Obrigada, meu Anjo.<br /><br /><br />Sílvia Câmara (após a Ultramarathon BR 135 - mais de 217Km em 59:43h - 23 a 25/01/09 - Parabéns Cas - my little brother-, Barb, Carla and César - Suseya!)<br /> </div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-6397529409359221932008-12-16T11:05:00.003-03:002008-12-16T11:29:59.893-03:00Lembrança<div align="center">(Dedicado à Adélia Prado) </div><div align="center"><br /> </div><div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFa9kcijx-B0fph3zK80JYBnGjNBSLGXNcu_gEs0n79h4DHzEIrSPKfItgY_N0zcVeGZuGaRFYHpK3N-H-5kfb6GaAc4uyo4_T16dGwmhKGoTHdGka8VeDoxBXRq5WuemElZq3/s1600-h/DSC00416.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280393162867767106" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFa9kcijx-B0fph3zK80JYBnGjNBSLGXNcu_gEs0n79h4DHzEIrSPKfItgY_N0zcVeGZuGaRFYHpK3N-H-5kfb6GaAc4uyo4_T16dGwmhKGoTHdGka8VeDoxBXRq5WuemElZq3/s320/DSC00416.JPG" border="0" /></a><span style="font-size:78%;"> foto: Sílvia Câmara<br /></span><br /><div align="justify"><br />Evoco luzes fugidias<br />Do devaneio e da lembrança.<br />Naquele lugar,<br />Onde memória e imaginação se fundem.<br /><br />Construo paredes<br />Com sombras impalpáveis,<br />Reconfortando-me com ilusões de proteção<br />Ou tremendo atrás de muralhas.<br /><br />Eis que ela aparece:<br />A casa. Aquela casa.<br />A minha fortaleza.<br />E fico em paz!<br /><br />Sílvia Câmara</div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-62629318987149371852008-12-10T20:07:00.005-03:002008-12-11T10:12:49.257-03:00Tempo e Espaço<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPW0QfURCNnGXGuqPi_oI7x7S3-vqTzBtlGGtEuCWaU347_zXLl4KnoN-s71wQK66UuK_l5cOirsx13_TVhctSNwkb70YaKVnLfdSFYpeoBDp8VJ1SI_Z490hHLbij6X0jml0q/s1600-h/Outono+-Luiz+Filipe+Monteiro+(Olhares).jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278518486852560050" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPW0QfURCNnGXGuqPi_oI7x7S3-vqTzBtlGGtEuCWaU347_zXLl4KnoN-s71wQK66UuK_l5cOirsx13_TVhctSNwkb70YaKVnLfdSFYpeoBDp8VJ1SI_Z490hHLbij6X0jml0q/s320/Outono+-Luiz+Filipe+Monteiro+(Olhares).jpg" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">foto:Luiz Felipe Monteiro-Olhares.com</span><br /><div align="left"><br />De tanto que vi do mundo<br />Cansei.<br />De tanto que apreendi<br />Esqueci. </div><div align="left"><br />Agora fico calada,<br />Muda.<br />A espera é estratégica. </div><div align="left"><br />E por isso os ramos crescem,<br />As raízes se aprofundam.<br />Busco no centro da terra o encontro.<br />Seria razoável descrever tal sentimento? </div><div align="left"><br />Continuo esperando... </div><div align="left"><br />Assim é que<br />Os ramos ganharam o espaço<br />E as raízes atravessam o tempo.</div><div align="left"><br />Sílvia Câmara </div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-15234648495340821002008-12-04T09:31:00.002-03:002008-12-04T09:43:04.674-03:00Semeadura<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYT8wjkqdemD4ikXzgQwUMU3GDlGrTKfte3nY5L6jHtrbLFHhyOyCXCZR-iiIFjqRMeUFMSMTCxVkxhABTFHJLQTNtM_s0lesT-TvH98KPZ6XGNOJbRKuI7MDU-kLximiyVMBl/s1600-h/DSC00347.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275913802841272818" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYT8wjkqdemD4ikXzgQwUMU3GDlGrTKfte3nY5L6jHtrbLFHhyOyCXCZR-iiIFjqRMeUFMSMTCxVkxhABTFHJLQTNtM_s0lesT-TvH98KPZ6XGNOJbRKuI7MDU-kLximiyVMBl/s320/DSC00347.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">foto: Silvia Câmara </span></div><span style="font-size:78%;"></span><br /><br />Cultivei poemas<br />como quem cochila em ombro de mãe.<br />Suavemente.<br /><br />Cultivei poemas<br />Como quem acorda com passarinhos.<br />Alegremente.<br /><br />Cultivei poemas<br />Com a ânsia de um afogado.<br />Sofregamente.<br /><br />Cultivei poemas<br />Com o desvario de um suicida.<br />Exaustamente.<br /><br />Havia uma horta em meu coração.<br /><br />Silvia CâmaraSílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-16451141108533411732008-11-27T11:49:00.002-03:002008-11-27T11:59:46.313-03:00Sobre arcos e liras ( Dedicado a Octavio Paz)<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWXQWWKgLqVytFGv3IoW9c9NOcK8dN46tKwBmbjSevM2uDtFBegKn9wvSsozZQHlHFI2bv8xi-N17dCpk-C_DGjHIKq-ZYC0EsSOkDO92TnvAnRetGEBNpunBdTmavRXhXUmMH/s1600-h/DSC00160.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273350815035494722" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 240px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWXQWWKgLqVytFGv3IoW9c9NOcK8dN46tKwBmbjSevM2uDtFBegKn9wvSsozZQHlHFI2bv8xi-N17dCpk-C_DGjHIKq-ZYC0EsSOkDO92TnvAnRetGEBNpunBdTmavRXhXUmMH/s320/DSC00160.JPG" border="0" /></a><span style="font-size:78%;"> foto: Silvia Câmara</span></div><span style="font-size:78%;"><br /><br /></span>Desviei os olhos do poético<br />Relanceei-os por um poema.<br />Que forma é essa que me puxa<br />E faz nascer um sentimento ímpar.<br /><br />Parece um anjo bafejando sorte.<br />Quiçá trouxesse boa nova:<br />“Técnica e criação, utensílio e poema são realidades distintas.<br />A técnica é repetição que se aperfeiçoa ou se degrada: é herança e mudança – o fuzil substitui o arco.”<br /><br />Não! O poeta não cria a partir do nada.<br />Sempre há e sempre haverá em que se apoiar:<br />Uma linguagem.<br /><br />Sílvia CâmaraSílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-33851703046598219322008-11-26T11:38:00.001-03:002008-11-27T11:49:31.009-03:00Atirei no que pensei ver - Acertei no que precisava<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4vrsu7dLl7w17i_gSx1VlgT_PMzMZU7kL_OkgINJHOxBYp1XgAE5OkQl20cQSAnoBXvfRJYieX6u4vDN1Ux7a9t29ubu6e64f6IWKTnafC1fL5oXSQkFYCsTIT07owslmzEAW/s1600-h/DSC00208.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5273347798560436514" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4vrsu7dLl7w17i_gSx1VlgT_PMzMZU7kL_OkgINJHOxBYp1XgAE5OkQl20cQSAnoBXvfRJYieX6u4vDN1Ux7a9t29ubu6e64f6IWKTnafC1fL5oXSQkFYCsTIT07owslmzEAW/s320/DSC00208.JPG" border="0" /></a><span style="font-size:78%;"> foto - Silvia Câmara</span><br /><div align="justify"><br /><br />Do tanto que procurei<br />Pensei ter feito o acertado.<br />A calma chega,<br />Amadurece,<br />Resolve ficar.<br /><br />Coisa boa.<br /></div><br />Sílvia Câmara </div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-11138444718324510462008-11-23T17:52:00.004-03:002008-11-24T14:27:58.843-03:00Cantiga para sete versos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsxBLXioIoM42yiWRkepU89Ya5LixUISdEMiorG01_-9_UH-Sh-sYAoTDzya2Mvojih6RA1L7mVNF_igMpD6mEEoucs-EpRaRzBVxZjr8NuCx15Ir6vjlsYAKyJWP0iJG2lFhT/s1600-h/DSC00313.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271961899848565586" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsxBLXioIoM42yiWRkepU89Ya5LixUISdEMiorG01_-9_UH-Sh-sYAoTDzya2Mvojih6RA1L7mVNF_igMpD6mEEoucs-EpRaRzBVxZjr8NuCx15Ir6vjlsYAKyJWP0iJG2lFhT/s320/DSC00313.JPG" border="0" /></a><br /><br /><div>O canto que eu queria cantar<br />Foi-me tirado pelos pássaros.<br /><br />A luz que eu pensei existir<br />Subtraiu-a o sol.<br /><br />E essa água brotando em meus olhos<br />Fiapo de cachoeira:<br /><br />Saudade de canto e luz.<br /><br />Sílvia Câmara</div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-63216421516691288122008-08-26T08:27:00.008-03:002008-08-29T11:36:50.744-03:00O Caminho<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNEYcARBS9eHKgf8vLOCnJgTLChxF5uvEPioek2607vXbKAQIDPhJWjZt5zqffmrNaMChl85O1v3OjV1-aZznHvdVEAUYQHngKgFiZ1860joPwXqrGG4ydLbMvxsIOwDFgypJg/s1600-h/DSCN2858.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238787103514444322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNEYcARBS9eHKgf8vLOCnJgTLChxF5uvEPioek2607vXbKAQIDPhJWjZt5zqffmrNaMChl85O1v3OjV1-aZznHvdVEAUYQHngKgFiZ1860joPwXqrGG4ydLbMvxsIOwDFgypJg/s320/DSCN2858.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">A 1ª seta amarela ( No Caminho para Santiago do Iguape/BA)</span><br /><br /><br /><p><span style="font-size:78%;"><span style="font-size:100%;">O Caminho começou em janeiro. A partir do momento em que decidimos, o caminho mostrou-se. Horas, fácil, em outras, terrível. Mas a escolha estava feita. Treinos, simulações, equipamento adquirido, vontade, desejo, planejamento, resiliência. A princípio tudo certo. Mas a prova de verdade começa no próximo dia 02. </span></span></p><br /><br /><p><span style="font-size:78%;"><span style="font-size:100%;">E que possamos dizer Ultreya e Suseya!</span></span></p><br /><br /><p><span style="font-size:78%;"><span style="font-size:100%;">Saudações peregrinas,</span></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8tGRIa7hL3keviiJSd5RefavTqYEK5NtFkDPiDkzzMKQqD1gONTivKAkXioRBFi-MiUPMvk9VidJZetTCPO0U5yrx2PLF3lEsoVCjli8ls3JSgIQwpPQS-P7flVWmzoVyjLaH/s1600-h/Sandálias+peregrinas.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238791918957396546" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8tGRIa7hL3keviiJSd5RefavTqYEK5NtFkDPiDkzzMKQqD1gONTivKAkXioRBFi-MiUPMvk9VidJZetTCPO0U5yrx2PLF3lEsoVCjli8ls3JSgIQwpPQS-P7flVWmzoVyjLaH/s320/Sand%C3%A1lias+peregrinas.jpg" border="0" /></a></span></div><span style="font-size:78%;"></span><br /><br /><p><span style="font-size:78%;"></span></p><br /><p align="center"><span style="font-size:78%;"><span style="font-size:100%;">Sílvia Câmara</span></p><br /><div align="center"><br /><br /></div><br /><div align="center"><br /></div></span><br /><div align="center"><br /><br /></div><br /><div align="center"></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-63652374219700484952008-08-26T08:05:00.004-03:002008-08-26T08:19:54.030-03:00Tantas canções de Iandaia<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis1w3bBy1WzbAhrV-7jTlQvUXoUSJyqiO9IEoQxzIUppFCPqrQmP55k4YFLAb-i7X1P3U5oji7cs8ATdaIJQ2WgNwZU1As9NloyV_K6e2bGDRleE2Qut6fRLKWKzxBlXUgpDUq/s1600-h/Madalena.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238782850704948050" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis1w3bBy1WzbAhrV-7jTlQvUXoUSJyqiO9IEoQxzIUppFCPqrQmP55k4YFLAb-i7X1P3U5oji7cs8ATdaIJQ2WgNwZU1As9NloyV_K6e2bGDRleE2Qut6fRLKWKzxBlXUgpDUq/s320/Madalena.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:78%;">Foto Sílvia Câmara( Igatu/BA )<br /></span><div align="justify"><br /><br />De uma única peça ela se fez. Teceu a pele cor de barro. No rosto, duas esmeraldas ao molde de olhinhos. Mas do infinito vieram-lhe as lágrimas copiosamente vertidas. Saudade! Lembro de quando era ainda só grão de areia e lama de argila. Não enxergava a outra margem, no entanto não padecia. Dos escondidos da memória fez-se um clarão: lembrança atávica de poços e lagoas. Com esse arsenal Iandaia passeava. Descia do indígena Olimpo e visitava os abismos. Horas de tristeza e angústia antecedendo milhares de anos de regozijo.<br />Iandaia revê a meninice. Caminha pelas pontes da velha cidade. Abraça as árvores, desfolha os galhos. Levanta a cabeça e aspira todos os odores. Odores da cidade velha e da nova Iandaia. Seu olhar repousa nas águas do rio. Um rio nascido tão longe, coleando margem como serpente fosse, até o desaguar. Noite alta a cidade dorme e Iandaia vela seu sono abissal. Sem querer, pensa-se ave. Rememora um vôo antigo e azul de quando juntava plumagem. Voejando pelos céus qual anjo. Medo de queda, nem um pouquinho. Acaso encontrasse uma rapina, no sem-querer, por desencontro, havia de se safar, transida de outras forças. Iandaia segue as sombras e a névoa densa que vai se adensando cada vez mais. Um pio a alerta. É preciso sair do devaneio? Não há resposta: O silêncio só escuta. Pudesse agora voar e o céu tomaria. Apressa o passo. Alguém seguindo? Agora corre. É tão escuro!<br />Pelos desvãos da noite segue Iandaia. Acaso roubaste o fogo qual Prometeu? Por que espias noite afora? Por que passas as noites a espreitar? De que mistério padece Iandaia, tendo um rosário a desfiar por hora e um martírio a desvelar por dia? É que o céu carece de dores, pensa. A caminhar levo as noites, faça chuva, faça luar. No mais das vezes a bruma é a maior companheira. Percorro o mesmo trajeto da tapeceira homérica, noite após noite, durante uma eternidade. Quisera ir ao sertão, fazer o périplo de um rio. Atravessar suas veredas e voejar qual andorinha.<br />Ela quer ver o mar. O mar tão verde da cor dos olhos que lhe implantaram. A saudade sopra da onda. Vem com a brisa da beira da praia e as esmeraldas liquefazem-se. Sente a solidão e chama o companheiro. Esqueceu-se de tua sina? Iandaia tem uma missão noturna. Quem te livrará dos grilhões da noite? A vida tem duas margens: a de entrada e a de saída. O percurso de uma para a outra é o viver. A água que se atravessa é do tamanho de uma vida. Iandaia olha ao redor. Encontra sua clépsidra.<br />Do poente para o nascente caminha Iandaia, num anti-horário movimento. A esta hora, no já quase-noite, a pele sente a primeira aragem do desentardecer e Iandaia tenta acomodar o corpo de maneira que possa receber o derradeiro afago daquele sol que vai pousar no oceano. Logo, a noite e o escuro serão substância quase tão palpável quanto a liquidez do mar. Escoa a sexta hora noturna e ela não pode apresentar cansaço. É preciso uma canção para acalentar Iandaia. Está quase sem forças e os olhos pesam. Serei Eurídice? Não tenho um Orfeu. Se atravessar o Hades não haverá volta, e há uma imensidão para velar. Acorda, Iandaia. A lua te fará companhia.<br />Conta a lenda que Iandaia partiu de lagos ensolarados, mas as sombras a alcançaram. Nessa água corre também o meu sangue, soluça Indaia, poetizando a dor e seu drama. E as sombras caem tão pesadamente sobre aquela inefável água, parecendo querer sepultar-se nela. A água dando-lhes destino, levando-as num caudal. Nutrindo-as com suas lágrimas de influência orvalhada e soporífera. Uma palha se desprende das cabeleiras dos chorões e, arrastada, prende-se nos caniços. Iandaia contempla-a, em sua pensativa tristeza e murmura: quem me dera ser aquele fragmento de galho, arrastado pela correnteza etérea, qual Ofélia em seu devaneio aquático.<br />Iandaia quer escrever, Mas tal arte é de responsabilidade extrema. Saberá dispor dos fatos e acontecimentos, numa cronológica ordem? Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que por fim lá ficam suas asas. E se o espelho d’água se move, a lembrança evocada se esfuma. É que o devir da água é a morte. Como num Lethe, bebe Iandaia do esquecimento. O que se passa debaixo dessas águas? A imaginação de Iandaia se solta...Houve um tempo em que eu via o sol todos os dias: do nascer ao anoitecer. Resignadamente, prossegue a caminhada. A peregrinação ainda não chegou a termo. Detém-se para tocar um alvo lençol, pendente do balaústre da penúltima e antiga ponte. Seu olhar volta a repousar na água que reflete uma lua vermelha. Desse olhar, Iandaia se convence do quão estúpido é o seu padecer. Alucinada, rasga o lençol balouçante e joga seus retalhos ao rio. O gesto reverbera: São retalhos de uma vida inteira. A água treme, não mais que Iandaia. Enlouquecida, toma consciência de ser mero personagem, jogo de marionete. Revolta-se. Arrisca-se Iandaia a saltar. Um vôo a alerta. Pássaros ou sombras vêm me perturbar o raciocínio. Obnubilam-me a visão, já turva pela descoberta. Pudesse agora encontrar Anratí. Mas neste mundo de taciatã não há lugar. Resta-me a água.<br />No sonho de uma vida acontecem muitas coisas. Perpassando a sutil claridade vê-se o equinócio: um tanto do dia — mesmo tanto de noite, em partes iguais. Por que Iandaia não percebe duas metades? Ela nasceu para a noite. O dia é sua sonolência, de uma alvura de mil guaratingas. A noite é sua companheira e guardiã, fusão de passado e presente. Vestida de violetas a sombra prossegue, mais vagarosa, excessivamente cansada. Passos cada vez mais lentos. Como pequeninas mortes internas, os sons se avolumavam, fazendo eco. Quase em tentativa derradeira, Iandaia arrisca correr. Não há obediência. Espinhos alfinetam sua alma. Nunca saberei o que de fato aconteceu. Parece que havia um espelho colocado impensadamente no leito do rio.<br />Atravessando a neblina surge tênue uma luz. Aracê — a aurora — raia com seu branco véu. A última ponte se avizinha. Percurso completado. Açoitada pelo vento matinal, sua pele arde e lágrimas umedecem sua face. Uma ancestral saudade cai sobre ela. Com o peso de mil outros anos – espaço e tempo infinitos. A companheira sombra alonga o olhar, visitando ou perscrutando o leito do rio. Com este são vinte e um pernoitares e amanheceres. E a ponte última é chegada. Onda não há na água, somente o espelho chamando. Agora Iandaia tem pressa. Roubando ao Poeta — Sua pressa e firmeza eram de quem conhecia todas as veredas do próprio destino. Qual o melhor atalho: a certeza da morte ou a descoberta da vida?<br />Vorazmente a água reclama o mergulho duplo: Iandaia e sombra. Todas as flores entortam-se nos talos, pendurando-se na amurada beirando o rio. Espetáculo noturno diariamente aguardado. Três semanas de vigiar por uma de descansar: somente enquanto Ati é nova. Última noite de plenilúnio, Iandaia despede-se da ponte. Despe-se de roupa e medo. Salto. O segredo foi revelado. Para conseguir o eterno encontro seriam necessários muitos vinte e um albores para tecer a história de uma vida, onde dois passam a ser um. Duas almas trocam confidências durante sete noites de lua-nova. Sete alvoradas as vêem dormir. A família dali seria edificada. Seria? E se a sina fosse vitalícia e hereditária? Capitania de fardo. No sono, repousam os braços como galhos entrelaçados perfiando a água entre os dedos. Quais anjos de asa única necessitando o par para alçar vôo. Iandaia encontrada em Anrati. Canção do amor de sete noites, sete vôos, sete sonhos. Infinitamente, tantas canções de Iandaia!</div><br /><div align="left"> Sílvia Câmara<br /><br /><br />Glossário – tupi-guarani/português<br />Anratí – o despertar do dia<br />Aracê – a aurora<br />Atí – a lua, na mítica bororo<br />Guaratinga – garça branca<br />Iandaia – variante de Iandara – meio-dia<br />Taciatã - dor, sofrimento<br /></div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-15698478752811781262008-05-08T17:36:00.005-03:002010-03-16T08:16:11.986-03:00Chegança<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGlY7uoqMh1O_70Yxqap_GzW3QD8hgSYowsTvzJPpmm0r_1y0hD0luwyqeZNsPq7hIpl9UTMQJOyjfBLtwP0rshrWhoR_CdQ4W1hHJ2g9sUfGUoHInVZGUvyhB52e-gMtoWnDv/s1600-h/anjo+e+eu.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5449183889833873442" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 295px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGlY7uoqMh1O_70Yxqap_GzW3QD8hgSYowsTvzJPpmm0r_1y0hD0luwyqeZNsPq7hIpl9UTMQJOyjfBLtwP0rshrWhoR_CdQ4W1hHJ2g9sUfGUoHInVZGUvyhB52e-gMtoWnDv/s320/anjo+e+eu.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div>E eis que então pousei na lua.</div><div>numa lua-meia</div><div>calçando meias,</div><div>Meias de pluma,</div><div>para não machucá-la.</div><br /><div>Fechei minhas asas:</div><div>Recostei-me. </div><div>No dragão ou em São Jorge?</div><br /><div>Sei apenas que adormeci</div><div>Pois no sonho vi meu anjo.</div><div>Percebi que</div><div>Havia chegado em casa.</div><br /><div></div><div>Sílvia Câmara</div><br /><br /><div></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37567829.post-62839553832240365472008-05-08T09:15:00.003-03:002008-05-09T11:06:50.233-03:00Trapiches Nº 1 está no ar!<div align="center"><a href="http://www.trapiches.com.br/">Trapiches E-MagazineRevista de Cultura e Arte</a> </div><div align="center"><br />Está no Ar!<br /></div><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGPK9TjxbD7ucXPt7grwtdgo_h4WN74neAl6PUL4QAt7suJar5kGiODTA_XdjtxGiqDNUD3gIe4IMeoKTrF2X9aS0w2fYb65YAlje7ghAoH8bgJo_MPzxq3QwlE-ya_PY6j0U-/s1600-h/trapiches.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5197980331357333506" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGPK9TjxbD7ucXPt7grwtdgo_h4WN74neAl6PUL4QAt7suJar5kGiODTA_XdjtxGiqDNUD3gIe4IMeoKTrF2X9aS0w2fYb65YAlje7ghAoH8bgJo_MPzxq3QwlE-ya_PY6j0U-/s320/trapiches.bmp" border="0" /></a> O n° 1 da <a href="http://www.trapiches.com.br/">TRAPICHES</a>, a revista eletrônica sobre arte e cultura do nosso Projeto Macabéa, está no ar! Agora vocês podem navegar à vontade pelas 22 matérias, divididas pelas seções: Grãos, A Granel, Boneca de Pano, Olho Mágico, Secos e Molhados, Presentes Finos e Perfumaria. Há de tudo um muito: entrevistas, crônicas, contos, poemas, críticas, vídeos, etc. Além de 7 seções, temos o Extrapiches, que traz o nosso Cais (Capitania Geral de Blogs), sempre com uma seleção de 10 blogs indicados pela Revista. </p><p>Aproveite e inscreva-se no <a href="http://www.trapiches.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=28&Itemid=2">1° Concurso Literário da Revista Trapiches </a>e mostre seu talento.Enfim... É muita coisa!Acessem aqui: <a href="http://www.trapiches.com.br/">http://www.trapiches.com.br/</a>, e boa leitura! (Namastê)<br /></p><div align="center"><a href="http://www.trapiches.com.br/">Clique e confira!</a></div>Sílvia Câmarahttp://www.blogger.com/profile/12978166001081412943noreply@blogger.com7