sábado, janeiro 12, 2008

Como um poema neo-barroco


Enquanto a vida acontece,
A casa suspende-se como um poema barroco
Os animais pensam e eu fico só.
Escrevo coisas em desconexo
Apenas para não ficar imóvel.
Não tenho reserva de palavras.
Não há uma fábrica no meu bolso,
Como havia em Neruda.
As abelhas passaram à minha volta
E eu não as pude caçar.
Volaram las palabras.
Ao menos deixaram seu néctar
E aquela cor de pólen impregnou meu pensamento.
Hoje quero vestir amarelo.

Sílvia Câmara

sábado, janeiro 05, 2008

Depois de ler Envoi de Mário Faustino

Habitación del escritor- Luiz Rejano

Vai, escrito meu
Tentar dizer a quem te leia
Dessa dor que lateja,
Corrosiva como a vida que perdura.
Conta de toda a alegria
Do canto que entoamos:
Ardente ritual
De inocentes gestos
E do que restou dessa folia.
Conta-lhes do efêmero,
Daquela cor esquecida
Que sobrou na lajota.
Naquela, onde o azul desbotou.

Vai, escrito meu
Não posso te seguir.
Não sou rei, nem declarei guerra.
Quedo-me aqui e te escrevo.


Silvia Câmara