sábado, março 24, 2007

Saudade... de nada


Eu quis fazer uma poesia.
Eu quis dizer que estava com saudade,
sem saber
do que
sequer...
Sabe?
Eu tinha uma vontade louca
de estar com você!
Mas,
quem é você?
Minha saudade sem nome!?
Eu quis dizer num verso simples
meu canto de amor,
minha solidão....
Estou só.
(Você, onde está?...
Em que pensa nessa hora?
Estará como eu
escrevendo agora?)
São três horas da madrugada,
a saudade de você
Não me deixa dormir.
Olhe,
o luar lá fora
- dá gosto se ver!...
(Onde estará você?...)
Eu quis fazer do verso
uma canção pra você
(Será que você está mesmo
dormindo agora?
Ou está numa roda de amigos,
batendo papo e tomando chopp?
É incrível eu não saber
onde está você...!)
Eu quis fazer uma poesia pra você...
Eu quis lhe falar do luar...
Eu quis lhe dar um nome...
Eu quis lhe encontrar...
Eu quis matar a saudade
que não de deixa dormir
E só fiz espertar...
(É melhor pensar que sei seu nome,
que vou poder lhe encontrar,
que você está dormindo agora,
e que eu sou sua amada...
minha saudade...
de nada!)

Da minha amiga Tânia França ( que não quer ser chamada Poeta)

terça-feira, março 20, 2007

Epifania

Tela - Música popular no céu - Jaume Carbonell

No meio do espetáculo.
De repente como um relâmpago
Dei-me conta de que nunca havia visto
Uma cuíca ao vivo.
Assim, pertinho de mim.

Sílvia Câmara

segunda-feira, março 12, 2007

Ao molde da lua


Se um dia
Um luar prateado surgisse
E pedisse para eu ir embora
Eu iria.
Feliz assim:
Azulzinha de lua.

Sílvia Câmara

segunda-feira, março 05, 2007

Patativa do Assaré- *05/03/1909


Fui em lágrimas desfeito
de viola sobre o peito
sentar à beira do mar.
Queria cantando as águas
amenizar minhas mágoas
Dar alívio ao meu pensar.
Mas ao dedilhar o pinho
ouvi um riso escaninho
do mar sisudo dizer:
volta, volta, violeiro
o seu canto corriqueiro
não me dá nenhum prazer.
Eu tenho por entre as brumas
por estas brancas espumas
do meu dorso de cristal,
a quadra maravilhosa ,
cantando melodiosa
do poeta Juvenal.
Os seus versos ainda vagam,
são nuvens que não se apagam
na minha praia sem fim
volta, volta, violeiro...
...sobre a relva abandonei
e louvando o poeta amado,
que tudo tinha cantado
ajoelhado rezei.

( Poema de Patativa do Assaré composto em homenagem ao poeta Juvenal Galeno)

sábado, março 03, 2007

de Salmos do fogo – in As solas do sol)

Raul Lourenço, Portugal - 2005
Eu mais escrevo
Partindo da época
Em que não sabia ler.

Minha infância ainda é cedo.
A janela se abria para dentro.
O vidro ficava fora,
Um copo de sede.

Fabrício Carpinejar

Os perfumes


Alma das flores - quando as flores morrem,

os perfumes emigram para as belas,

trocam lábios de virgens - por boninas,

trocam lírios - por seios de donzelas!


E ali - silfos travessos, traiçoeiros,

voam cantando em lânguido compasso,

ocultos nesses cálices macios

das covinhas de um rosto ou dum regaço.


Castro Alves ( aniversariante de março, 14/03/1847)