sábado, novembro 21, 2009
segunda-feira, outubro 19, 2009
A aguada constelação em torno de um poema
Copiei parte do título em algum lugar.
Apenas por achá-lo lindo;
Como pode uma constelação ser aguada?
Pode, claro!
De quem são os olhos que a veem?
Ouvi um poema e fui olhar o céu.
Os dois — poema e firmamento—
Absolutamente lindos.
Copioso olhar lançou-se então.
E foi assim que se estabeleceram a relação e o nome.
Sílvia Câmara
domingo, setembro 20, 2009
Da cor da folha caída
sábado, julho 11, 2009
sábado, junho 27, 2009
Da cor da terra
A menina abriu o ferrolho
Escancarou a porta e
ganhou o mundo.
E girando, girando
O tempo passou.
A menina cresceu
Mas não se esqueceu da terra
Aquela que deu cor aos seus pés.
Uma cor tão cor
Que vazou pela menina dos olhos
E fez-se.
Silvia Câmara
( por conta de umas trocas de e-mail com amigas PI)
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cor,
NASCEDOURO,
POETAS INDEPENDENTES
sábado, maio 30, 2009
sexta-feira, março 27, 2009
Escrito pelo vento
Aquilo tudo foi escrito com o aval do vento. Depois de contada a história, a assinatura firmada foi a dele. Alguns disseram ouvir um crocitar. Da parte, dela apenas escutou um cicio. Cada qual ouve o que mais lhe aprouver. Melhor para ela então.
Violeta marcou encontro na curva do eucalipto grande. Eles se haviam encontrado, corrigindo: eles se haviam olhado duas vezes antes — quando o condutor da carroça parou para perguntar pelo pastor e no dia em que o rio encheu, inundando a vizinhança de Violeta. Como dizia a avó: é o apocalipse. Esse barulho imenso só pode ser o juízo final. Umas fagulhas sombrias caindo do céu e uma tromba d’água desembestada vindo serra abaixo.
A prima que criava borboletas conseguiu partir para as terras mais altas. Lá, dizia ela, tem uma árvore onde posso colocar minhas crias para dormir e, se for preciso, elas entram na casca, sugam o sumo e ficam adormecidas como ursos hibernando. Quando terminar o dilúvio elas saem e voltam a voar como no primeiro dia de primavera. Daí então eu posso trazê-las outra vez para casa. O que acontece quando preciso usar tal expediente é que elas não querem dormir na primeira noite. Ficam borboleteando em volta da minha cabeça como se pedissem mais sumo. Faço de contas que não estou escutando, até que lá pelas três horas da manhã elas se aquietam, mas não por muito tempo. Às seis elas já estão prontas para começar o bailado matinal.
A tia que tratava dos umbigos dos recém-nascidos avisou que não iria sair da casa. Precisava ficar alguém para tomar conta da horta de umbigos. E a horta já estava tão grande que mais parecia um pomar. É que a cada umbigo que ela enterrava, plantava uma muda diferente. Até que a diversidade de plantas da cidade acabou, então a tia começou a repetir. Percebeu-se que, dependendo de como era a saúde da criança, a planta nascia mais ou menos viçosa. Bem, isso era o que dizia ela. Havia uma suspeita de que ela trocava as mudas de lugar, pela madrugada. A prima borboleteira foi quem confidenciou que uma noite em que as borboletas faziam serão, ela ouviu barulho de terra cavada e viu a tia colocando uma muda no lugar em que havia outra antes. Só não sabemos é se o fato se confirmou.
Quando o relógio da igreja bateu a primeira hora da tarde, Violeta desvestiu o avental e avisou que iria observar o ninho de uns periquitos roxos que arribaram não se sabe de onde e fizeram morada na cidade. Só que ninguém sabia onde ficava. Somente Violeta dizia desses periquitos. A família acostumada a ver tantas esquisitices, achou a coisa mais natural.
Só que Violeta correu para a curva do eucalipto grande. Não se sabe o que deu nela para marcar encontro com aquele moço estranho. Não se sabe nem se ele iria comparecer. Mas na cabeça dela estava tudo acertado: dois dedos de prosa e um anel de noivado, antes que o mundo se derretesse em água. Ela chegou mais cedo e ficou olhando com aquele olhar de prata liquida, nenhuma ansiedade, apenas certeza.
Primeiro veio uma brisinha ligeira, a água já se despejando. O barulho que ela ouviu nem chegou a ser barulho, era apenas um farfalhar. Um soprar de nuvens, bafejo de anjo. Bom ou mal? O futuro foi quem mostrou. A moça sentou-se sob o eucalipto, arrancando as casquinhas do tronco secular. À proporção que ela mastigava, uma cor amarelecida toldava-lhe o semblante, mas ela, desapercebida, continuava a labuta e a espera. Estou pronta! Se pudesse ter escolhido, talvez tivesse nascido água. Porque para a água é mais fácil dizer eu te amo, ela passa por todos os lugares, penetra nos mais íntimos segredos. Descobre todos os mundos, a despeito de qual seja o gênero.
E também se fosse água, sua dedicação talvez residisse em esmiuçar os segredos do silêncio, da morte e da vida. Quiçá desconstruindo as fronteiras que teimam em resistir aos sentimentos. Havia entrado num espaço sem retorno. Igual a acreditar em Deus. Sim, porquanto a nossa impossibilidade de definir quem ou que é Deus, repercute muitas vezes nas nossas crenças. Se ele me escuta e nascem flores, vejo-as junto de mim, ao alcance do coração. Violeta continuava a espera e a água já começava a delinear o caminho do céu a terra.
Foi tudo muito rápido. Passaram os periquitos, as borboletas, os umbigos germinando, as cascas descomidas do eucalipto e aquele olhar: intenso, líquido, quase escuro de tão profundo. Nem deu para ouvir a chegada. Também não se sabe se ela dormia ou sonhava de olhos de abertos. O único que sabemos foi isso que o vento contou.
Sílvia Câmara
terça-feira, março 24, 2009
Dicotomia
A ambivalência do querer
É não poder deixar o dentro
nem conseguir esquecer o fora.
Desejo conferir sentido ao passado
Mas um atemporal tempo não permite.
Busco a inteireza
Para além de tudo que me fragmenta.
Nesse compasso estranho
Emerge uma imagem
- Diretamente da alma -
Da Alma?
O saber-me no mundo:
Presentificação de mim
Ou espectro?
Silvia Câmara
O saber-me no mundo:
Presentificação de mim
Ou espectro?
Silvia Câmara
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
terça-feira, fevereiro 10, 2009
Os anjos continuam...e tudo o que é belo também...
Em homenagem aos 100 anos de D.Hélder Câmara, cidadão mais pernambucano do que cearense. (1909 Fortaleza/ - 1999 Recife)
O Juízo
Quando no dia da ira
os anjos reunirem os artistas
- tão fascinados de orgulho
pela participação direta no poder Criador –
vai ser difícil ao Filho
austeridade de juiz
tão nítida é
- sobretudo nos poetas -
a sombra do Pai.
Dom Hélder Câmara
( O deserto é fértil, 1981)
“Tem pena, Senhor
tem carinho especial
com as pessoas muito lógicas,
muito práticas, muito realistas,
que se irritam com quem crê
no cavalinho azul.”
Dom Hélder Câmara
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Sobre anjos e maratonas
Quando houve necessidade
Um silfo veio ter comigo
E eu andava pelos campos afora
Quando vi aquela luz violácea,
Arrebanhando as nuvens.
Percebi o sopro benfazejo:
Caminhando nas asas do vento
Inspiração e força.
!Adelante!
!Ultreya!
Prosseguimos! Obrigada, meu Anjo.
Sílvia Câmara (após a Ultramarathon BR 135 - mais de 217Km em 59:43h - 23 a 25/01/09 - Parabéns Cas - my little brother-, Barb, Carla and César - Suseya!)
!Adelante!
!Ultreya!
Prosseguimos! Obrigada, meu Anjo.
Sílvia Câmara (após a Ultramarathon BR 135 - mais de 217Km em 59:43h - 23 a 25/01/09 - Parabéns Cas - my little brother-, Barb, Carla and César - Suseya!)
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