domingo, setembro 02, 2007

Noturno em surdina

photo by galaxy


A mão que tece uma plúmbea manta,
cor seráfica de chuva,
Também é capaz de desmanchar
As bífidas tranças alinhadas
Na cabeca da noite.
Penduradas no cordão virgulado da lua.
Na vertigem de acompanhar o infinito,
Encobre-se nos noturnos ombros,
Entornando a luz que vaza serena.
Elegíaca mentora tapeceira
Harpeja estrelas numa láctea via
Solfejando brilhos no esplendor celeste.
Goteja sons no alvorecer aéreo
E uma sinfonia eterna caladamente acorda.

Sílvia Camara

4 comentários:

Clóvis Campêlo disse...

O silêncio tece o mundo. O barulho é dispensável na construção cósmica. Os poetas sabem disso e entoam as suas canções em silêncio.
Clóvis Campêlo
Recife

Moacy Cirne disse...

Imagens pouco usuais ("plúmbea manta", "bífidas tranças", "cordão vcirgulado da lua" etc.) fixam a essência de seu poema, um 'Noturno em surdina'. Beijos.

Sílvia Câmara disse...

É isso, Clóvis. O silêncio da criação.
Quanto às imagens, Moacy, que bom sabê-las essência.
Obrigada aos dois, pelo pouso no Brisa.
um abraço grande

Anônimo disse...

Lembrei-me de Cruz e Souza, será coincidência ou há realmente algum ponto de ligação? Um abraço!!