segunda-feira, novembro 20, 2006
Não conheço nada do país do meu amado
Não conheço nada do país do meu amado.
Não sei se chove, nem sinto o cheiro das laranjas.
Abri-lhe as portas do meu país sem perguntar nada.
Não sei que tempo era.
O meu coração é grande e tinha pressa.
Não lhe falei do país, das colheitas, nem da seca.
Deixei que ele bebesse do meu país o vinho o mel a carícia.
Povoei-lhe os sonhos de asas, plantas e desejo.
O meu amado não me disse nada do seu país.
Deve ser um estranho país o país do meu amado,
pois não conheço ninguém que não saiba a hora da colheita,
o canto dos pássaros o sabor da sua terra de manhã cedo.
Nada me disse o meu amado.
Chegou.
Mora no meu país não sei por quanto tempo.
É estranho que se sinta bem e parta.
Volta com um cheiro de país diferente.
Volta com os passos de quem não conhece a pressa.
Ana Paula Tavares - in «O lago da lua», Lisboa, 1999
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3 comentários:
Sílvia querida,
Nao conhecia ainda Ana Paula Ribeiro, gostei demais de seu poema. É lindo!
Deixo-lhe o meu grande abraco e a alegria de ter voce como minha amiga.
Conceicao.
http://mariaescrevinhadora.blog.terra.com.br
Eu gosto muito deste poema mas o nome da aurora não é esse. A autora chama-se Ana Paula Tavares, que tenho o privilégio de conhecer, e não Ribeiro. Por favor alterem isso...
Anônimo, obrigada pela observação, é claro que o nome está equivocado. Foi um erro material quando da digitação.
Não tenho o privilégio de conhecê-la, apenas uma parte de sua obra, por intermédio da coleção Biblioteca de Literatura Angolana, publicada pela Odebrecht.
Obrigada também pela visita ao blog.
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